quinta-feira, março 23, 2006

matisyahu


Se ainda não ouviram com atenção, pelo menos já devem ter reparado na Mtv, ou no "Saturday Night Live" neste homem que contrasta a formalidade da sua vestiota preta, chapéu, camisa branca e longa barba com a energia que traz para o palco... Mas a surpresa não passa de todo só por aí!
Este jovem americano, Mathew Miller, filho de pais judeus e praticantes do Judaísmo "Reconstrucionista" (definição mais recente do Judaísmo, conhecido nos Estados Unidos como sendo liberal), frequentou uma escola hebraica, apesar de receber ameaças de expulsão caso continuasse a interromper o curso normal das aulas.
Aos 14 anos identificou-se com o estilo de vida dos adolescentes hippie ...calçou umas chinelas Birckenstock e deixou crescer dreadlocks, dando um toque rastafariano ao seu look rabino!
Atrás da cantina aprendeu a tocar bongos e aprendeu o Beat Box (estilo de música criado a partir de sons feitos com a boca).
Depois de ter praticamente incendiado a sala de aula de Química, decidiu, com algum peso na consciência, acampar numas montanhas do Colorado. E dentro dessa vida suburbana que levou, Mathew teve a oportunidade de dar uma olhada introspectiva, e aí tomou consciência da existência de algo espiritual que não entendia bem. Então decidiu fazer uma viagem a Israel, e aí estabeleceu pela primeira vez contacto com o seu Deus, o que foi para ele um ponto de viragem na sua vida. Passou a maior parte do tempo em Jerusalém a rezar, explorar e dançar, reencontrando aos poucos a sua identidade juadica adormecida que se ia revelando. Deixar Israel foi difícil, mas voltou a White Plains, onde vivia com os seus pais, não sabendo como conservar a sua relação com o Judaísmo.
"Quando voltei de Israel, não tinha qualquer meio para criar um laço espiritual. Pensava que a religião era como uma construção de blocos, mas não tinha uma base para construir."
Deprimido, trocou os estudos para seguir um célebre grupo de rock da época "Phish" pela tournée nacional. Aí pensou seriamente na sua vida, na sua música e na sua sede pelo Judaísmo.
Depois de alguns meses errantes, regressou a casa e aí os pais insistiram que ele entrasse na Escola de Arte de Bend , em Oregon. Aí Mathew tirou proveito dos seus estudos e aprofundou o seu conhecimento pela música. Este fã de Bob Marley estudou o Reggae e o Hip-Hop e participou nas noites "d'Open-Mic" onde ele rappava, cantava e praticava o beat box, começando a desenvolver o seu próprio reggae-hip-hop que se viria a tornar célebre mais tarde.
Depois de dois anos em Oregon, Mathew, com 19 anos, voltou a White Plains completamente mudado. Instalou-se na vila para tentar seguir os seus estudos musicais na grande escola de arte "New School" em Manhattan, onde também estudou Teatro. Os seus tempos livres passava-os na "Carlebach Shoule", uma célebre sinagoga de Nova Iorque, conhecida pelos seus cantos religiosos "Hassid".

Na "New School" ele escreveu uma peça de teatro intitulada "Ehad" (Um). É a história dum míudo que encontra um rabino hassid na Washington Square Park e que, graças a esse reencontro, se torna religioso.
Depois dessa peça, a vida de Mathew mudou subitamente, como a história do personagem da sua peça.
Com efeito, alguns anos mais tarde, em 2003, ele reencontrou um rabino "Loubavitch" num parque que lhe deu um click na sua vida e fê-lo mudar o seu nome Mathew para Matisyahu.
Este homem, até então céptico preocupado com as regras da Torah, começa a explorar e adoptar inteiramente o estilo de vida dos Hassidim Loubavitch. A sua filosofia veio a ser um guia para Matisyahu.
Mudou-se para Brooklyn, casou-se e teve o seu primeiro filho, e criou uma banda que começou a atrair multidões em Nova Iorque.
A ligação entre a música judaica e afro-americana está sempre presente e remontam ao nascimento da cultura pop bem como as suas influências no canto espiritual negro de George Gershwin e Irving Berlin sendo assim um dos únicos que mistura a música judaica ao rastafarianismo. "Os numerosos religiosos rastas baseiam-se nas leis do velho testamento. Os dois grupos nadam contra a corrente à sua maneira"
Ouvir Matisyahu é entrar no mundo reggae e hip-hop mas também no mundo do Judaísmo, da Torah, da espiritualidade e de Deus. As suas canções são cantadas em inglês, intercaladas e intituladas às vezes por palavras em hebraico. Assim podemos entender "Hashem" (Deus), Yetser Hara (o declínio para a maldade), Aish Tamid (o fogo eterno...) .
O amor a Deus faz-se ressentir em todas as suas canções, "Eu acredito verdadeiramente que estou em missão para expor o divino e o sagrado nas nossas vidas. A minha música é baseada nas minhas experiências pessoais, e nela existe uma mensagem espiritual que eu compus."
O seu primeiro álbum "Shake Off The Dust... Arise" saiu em 2004, onde ele foi autor de todas as canções.
O segundo álbum saiu agora, chamado "Matisyahu YOUTH" e tem feito muito sucesso.
Agora tem dado concertos pelas américas, e está on tour com o grupo israelita Balkan Beat Box, que também tem dado que falar pela criativa junção que faz da música electrónica com world music.
De olhos fechados, com o seu traje de Hassid, começa lentamente o seu espectáculo e subitamente tranforma-se num Bob Marley, assim que a música começa a dançar-se ao som do reggae. O público de Matisyahu é variado e não é composto por Judeus. Os seus fãs são adolescentes, crianças até, que ficam até mais tarde para ouvir a sua voz e mensagem. Os mais cépticos são inspirados pela honestidade da mistura que ele faz com a música eclética e espiritual... Aqui fica uma amostra!


2 Comments:

Blogger Zuma said...

Ya o rabi que canta reggae pois é....um colega meu mostrou-me isso outro dia, o homem tem muita energia. Deve ser cómico ver um rabi com aqueles penachos ao pé das orelhas a balançar quando dança num concerto hehe.

19:56  
Blogger LAD said...

Já tinha visto uns cartazes por aí espalhados, mas não me inspiraram curiosidade.
Vou ali ouvir uns mp3 e já volto... menos curioso.

18:16  

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